terça-feira, 12 de abril de 2016

"Teremos Sempre Paris", Ray Bradbury

Esta colectânea de contos possibilitou-me o primeiro contacto com a ficção de Ray Bradbury, e tive muito gosto em lê-la. Para já, gosto de contos. Gosto de saber que em breve vou descobrir o final da história e que de alguma maneira me vão criar uma impressão duradoura. Gosto de ser surpreendida ao longo da leitura de uma narrativa tão curta, e em "Teremos Sempre Paris", felizmente, tal aconteceu.
Fiquei também bem impressionada com o estilo do autor. É claro, agradável e eficiente, como gosto de ler. Em relação às temáticas abordadas, bem, o que dizer? São contos, no geral, "esquisitos", povoados com protagonistas com ideias que causam estranheza. Como em "Vem comigo", ou "Quando o ramo se parte". Há um cão especial em "Pater Caninus". Há um casal que regressa à "estaca zero" apenas numa "Anti-Conversa de Almofada", um que prefere o conforto do lar em "Chegadas e Partidas" e o que julga ter regressado a casa em "Remembrace, Ohio". Há esposas com resoluções surpreendentes, e golfistas de crepúsculo e uma aposta perversa.
E o engraçado, é que os contos não se inserem propriamente num género específico. Há uma viagem a Marte sem grande epítome de ficção científica, e há paranormal sem o ser. Pode alguém que ainda não nasceu assombrar alguém? No fundo, são quase surreais - "quase"!
Os meus preferidos foram "A Mamã Perkins chegou para ficar", "Caroço de maçã Michigan" e "Os reincarnados". O primeiro envolve uma situação um tanto nonsense devido a uma personagem que talvez exista em todas as casas que ouvem o programa de rádio sobre a "Mamã Perkins". Ou talvez não. Quem sabe? No segundo, visita-se a campa de um suposto "melhor amigo". No terceiro, para já, gostei da utilização da segunda pessoa do singular. É incomum, mas provocou uma maior proximidade com o que era relatado. Depois, gostei da narrativa. Além destes, senti-me comovida com "A Visita", que conseguiu tocar-me sem ser "lamechas".
É claro que não gostei de um ou outro conto. Alguns pareceram-me demasiado simples, como se o autor tivesse tocado ao de leve na ideia, mas os restantes desculpam-nos. O certo, é que fiquei com a curiosidade para conhecer a obra de Ray Bradbury ainda mais aguçada.   

Sinopse
Já conhecem este livro? Qual é a vossa opinião?
Boas leituras!

Nota: O exemplar foi cedido pela Editorial Bizâncio para opinião.

4 comentários:

  1. Não percebo esse teu encanto com os contos. Eu cá fico sempre com a sensação de que as coisas podiam ser mais bem explicadas. Não sei se tenho preferência por coisas mais elaboradas, ou se ando a ler os contos errados.

    Claro que com este livro isso não aconteceu. Alguns são tão surreais que nos mantêm cativados. Só tenho pena de já não me lembrar muito do livro. Qualquer dia releio-o :)

    beijinhos

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    1. Tens de ler os do Stephen King e o G. García Márquez, se gostaste destes. Não podemos comparar com o da Joanne Harris (que são mais fraquinhos :S).
      São como os finais em aberto. Dá-te espaço para "criares" tu o resto :p (e sem querer, pensas mais nele do que se fosse um final fechado). Acho piada exactamente não ser tudo explicado, ou melhor, ser apenas um "momento" de personagens. Por acaso, os que já li do Stephen King são mais "desenvolvidos" em relação a estes.
      Ohh, estava à espera de falar sobre alguns contigo. Sim, qualquer dia tens de voltar a pegar nele.

      beijinhos

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  2. Olá Su,
    Não leio muitos livros de contos mas aguçaste-me a curiosidade. Talvez um dia ;)
    Beijinhos

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    1. Olá, Tita,
      Acho que ias gostar deste. É bom para uma leitura diferente :D

      beijinhos

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